terça-feira, 6 de setembro de 2011

Proposta da Câmara dos Deputados tipifica crime de bullying e fixa pena de até quatro anos.

A Câmara analisa o Projeto de Lei 1011/11, do deputado Fábio Faria (PMN-RN), que tipifica o crime de intimidação escolar ou bullying. A proposta prevê pena de detenção de um a seis meses, além de multa, para esses casos.
A pena pode aumentar em casos específicos. Quando houver violência, a pena será de detenção de três meses a um ano e multa, além de sanção já prevista em lei para a agressão física. Se a intimidação envolver discriminação por raça, cor, etnia, religião ou origem, a pena será de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. A mesma pena será aplicada se as vítimas forem pessoas idosas ou com deficiência.
Em qualquer caso, o juiz poderá deixar de aplicar a pena se a própria vítima do bullying tiver provocado a intimidação, de forma reprovável.
Definição
Pela proposta, comete crime de bullying aquele que intimida uma ou várias pessoas de forma agressiva, intencional e repetitiva e, a ponto de causar sofrimento ou angústia. O crime é caracterizado se a intimidação ocorrer em ambiente de ensino ou em razão de atividade escolar.
Segundo o autor da proposta,  o número de agressões e atos de discriminação e humilhação vêm aumentando nas escolas brasileiras. “O bullying é uma forma de agressão que afeta a alma das pessoas. Pode provocar nas vítimas um sentimento de isolamento. Outros efeitos são a redução do rendimento escolar e atos de violência contra e si e terceiros”, disse.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Maioria de envolvidos com bullying sofre algum tipo de castigo corporal em casa

Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos mostra que cerca de 70% das crianças e adolescentes envolvidos com bullying (violência física ou psicológica ocorrida repetidas vezes no colégio) nas escolas sofrem algum tipo de castigo corporal em casa

Cerca de 70% das crianças e adolescentes envolvidos com bullying (violência física ou psicológica ocorrida repetidas vezes no colégio) nas escolas sofrem algum tipo de castigo corporal em casa. É o que mostra pesquisa feita com 239 alunos de ensino fundamental em São Carlos (SP) e divulgada, no dia 30/8, pela pesquisadora Lúcia Cavalcanti Williams, da Universidade Federal de São Carlos.

Do total de entrevistados, 44% haviam apanhado de cinto da mãe e 20,9% do pai. A pesquisa mostra ainda outros tipos de violência – 24,3% haviam levado, da mãe, tapas no rosto e 13,4%, do pai. “As nossas famílias são extremamente violentas. Depois, a gente se espanta de o Brasil ter índices de violência tão altos”, disse a pesquisadora, ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados que debateu projeto de lei que tramita na Casa e que proíbe o uso de castigos corporais ou tratamento cruel e degradante na educação de crianças e adolescentes.

Segundo ela, meninos vítimas de violência severa em casa têm oito vezes mais chances de se tornar vítimas ou autores de bullying. “O castigo corporal é o método disciplinar mais antigo do planeta. Mas não torna as crianças obedientes a curto prazo, não promove a cooperação a longo prazo ou a internalização de valores morais, nem reduz a agressão ou o comportamento antissocial”, explicou.
Para a secretária executiva da rede Não Bata, Eduque, Ângela Goulart, a violência está banalizada na sociedade. Ela citou diversas entrevistas feitas pela rede com pais de crianças e adolescentes e, em diversos momentos, frases como “desço a cinta” e “dou umas boas cintadas” aparecem. Em uma das entrevistas, um pai explica que bater no filho antes do banho é uma forma eficiente de “fazer com que ele se comporte”. “Existem pais que cometem a violência sem saber. Acham que certas maneiras de bater, como a palmada, são aceitáveis”, disse.

Atualmente, 30 países em todo o mundo têm leis que proíbem castigos na educação de crianças e adolescentes, entre eles a Suécia e a Alemanha. “A lei é uma forma de o Estado educar os pais”, ressaltou o pesquisador da Universidade de São Paulo Paulo Sérgio Pinheiro.

Como forma de diminuir os índices de violência contra crianças e adolescentes em casa, os pesquisadores sugeriram a reforma legal, com a criação de leis que proíbam esse tipo de violência, a divulgação de campanhas nacionais, como as que já vêm sendo feitas, e a participação infantil, com crianças sendo encorajadas a falar sobre assuntos que lhes afetem. “A principal reclamação das crianças é que elas não aguentam mais serem espancadas pelos pais”, destacou Pinheiro.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Senado quer tornar combate ao bullying obrigatório nas escolas


Comissão de Educação aprovou projeto que pede a inclusão do tema na Lei de Diretrizes e Bases.

 Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou um projeto que torna lei o combate ao bullying nas escolas. A sugestão é de que o assunto passe a constar na Lei de Diretrizes e Bases (LDB). O assunto segue para ser estudado pela Câmara.
Especialistas criticam a imposição de novos conteúdos à escola, que prejudicam o ensino dos conteúdos já previstos. Nos últimos quatro anos foram acrescidos ao currículo da educação básica sete novas obrigatoriedades.

Se o projeto for aprovado, os estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, passarão a ter a incumbência de promover adotar estratégias de prevenção e combate a práticas de intimidação e agressão recorrentes entre os integrantes da comunidade escolar, conhecidas como bullying.

Para o autor do projeto de lei (PLS 228/10), senador Gim Argello (PTB-DF), os efeitos do bullying são deletérios, "causando enorme sofrimento às vítimas" e "a situação é ainda mais grave quando acontece nas escolas, por afetar indivíduos de tenra idade, cuja personalidade e sociabilidade estão em desenvolvimento".

Em sua justificativa, o senador pelo Distrito Federal lembra que o tema, por ser recente, ainda não está previsto na LDB. Para ele, a abordagem nas escolas é necessária, pois o bullying se manifesta de formas diversas, que incluem insultos, intimidações, apelidos pejorativos, humilhações, amedrontamentos, isolamento, assédio moral e também violência física.

O relator da proposta, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que o projeto vem "em boa hora". Ele sugere providências como a capacitação de professores e interação entre educadores, pais e alunos, mas diz que "por se tratar de uma lei geral, válida para todos os sistemas de ensino, não seria adequado descer a detalhes".

Gastos com Educação

Na reunião desta terça, a comissão também aprovou a realização de uma audiência pública para apresentar e debater os gastos relativos aos anos de 2009 e 2010 - da União, dos estados e dos Municípios - com educação nas suas diversas modalidades, com ênfase na educação básica.

O autor do requerimento, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), quer discutir, no debate, a planilha de custos associado ao Plano Nacional de Educação, e a evolução do número total de alunos no sistema de ensino.

domingo, 24 de abril de 2011

Bullying no trabalho


Bullyng no trabalho

O Bullyng no trabalho é mais rotineiro do que parece, e é um assunto muito importante e merece ser mencionado à exaustão. No local de trabalho também existe esta degradante prática de comportamento.

Na maioria das vezes é de uma sutiliza que a pessoa só se dá conta depois de algum tempo. Muitas pessoas tem esta experiência que afeta emocionalmente. é recomendado os setores RH criarem um programa de "segurança pública" nas instituições.

- Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully – valentão) ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir a vítima.

- Bullying Esse comportamento deplorável encontra-se em variados grupos sociais: escolas, ambiente de trabalho, condomínios residenciais, igrejas (pasmem!), etc...

Às vezes, o bullying vem mascarado em forma de elogio, de maneira q alguém de fora não identifica o sarcasmo. Outras, a vítima é envergonhada publicamente pelo bully. Os bullies são diabolicamente criativos.

- Causas - Consequências do bullying –carência e falta de:

- limites, Auto-estima , Amadurecimento, Respeito, Humildade... ... Necessidade de autoafirmação, desejo de sensação de poder, desejo de pertencer a um grupo (grupo dos agressores), repetir atos de violência de q foram vítimas etc. O bullying pode ser do tipo verbal, físico, emocional, e virtual.
- VERBAL = os agressores utilizam apelidos constrangedores, espalham calúnias ou fazem piadas com características físicas ou comportamentais da vítima.

- FÍSICO = quando ocorrem agressões físicas repetitivas como tapas, chutes, empurrões, etc. Neste caso, ainda q as agressões não causem lesões graves, elas têm o intuito de humilhar a vítima, fazendo com que se sinta frágil e inferior.

- EMOCIONAL = quando, por meio de fofocas e mentiras, a vítima é colocada em situação constrangedora ou de exclusão social.

- VIRTUAL = Também se fala muito no cyberbullying, quando a difamação e as ofensas são praticadas por meio da INTERNET, em sites de relacionamento, por e-mail, etc.

- As causas em site de relacionamentos “virtuais”

As causas do bullying "virtual" são as mesmas das do bullying "real": desejo de sensação de poder por parte dos agressores, desejo de pertencer a um grupo (grupo dos agressores); etc.

- O bullying e as conseqüências negativas:

No ambiente escolar, e trabalho, causa um clima de insegurança e medo.

- Combater a prática de bullying

Para ajudar a combater a prática de bullying deve-se apoiar as vítimas para que denunciem os abusos sofridos, além de repreender e penalizar os agressores.

E ajudar a vítima do bullying , desenvolverem sua auto-estima e sua estrutura emocional.

- Observamos, através da mídia, estudantes australianos menores, foram vítimas do bullying ,exibido no dia 21/ o vídeo de 47 segundos postado na internet que faz sucesso no YouTube ...E o momento mais dramático da entrevista, o menor diz q pensou em suicídio por conta do bullying. ...decidiu se defender como pôde...

- As autoridades estão preocupadas com as consequências maléficas do bullying.

O comportamento de pessoas que praticam o bullying, mostra que os valores do mundo moderno não são valores cristãos.
Fonte: http://blogdootimismo.blogspot.com/2011/04/bullyng-no-trabalho.html

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Seu filho está sofrendo bullying?

O bullying é quando uma criança sofre preconceito por parte de outros colegas. Ele pode vir na forma de xingamentos, brigas físicas e brincadeiras de mau gosto na escola. Recentemente, uma adolescente de 15 anos se suicidou em Massachusetts e nove colegas dela foram acusados por praticar bullying contra ela.

Phoebe Prince se enforcou. Ela havia se mudado recentemente da Irlanda e, assim que se mudou para os Estados Unidos, ela teve que agüentar mensagens ameaçadoras, ter seus livros derrubados de seu armário e ver suas fotos sendo “zoadas” pelos colegas.

Se seu filho, irmão ou sobrinho está sofrendo bullying, confira algumas dicas para fazer com que isso pare de acontecer e para amenizar os efeitos psicológicos disso na vida da criança:

• As crianças que sofrem o bullying não contam o acontecido diretamente para os adultos: elas falam primeiro com os amigos, depois com os pais e só então com os professores, normalmente. Então um conselho para os pais é saber quem são e ter contato com os amigos dos filhos. Se seu filho responder “eu não tenho amigos”, aí está um grande indicador de que ele está com problemas.

• Se seu filho disser que está sendo chamado de “idiota” na escola, por exemplo, não tente dar motivos para o acontecido (do tipo “mas também, filho, suas notas não estão boas e você não se esforça para melhorá-las”). Em vez disso, diga que não há motivo nenhum para que ele seja discriminado desse jeito e entenda que preconceito não tem justificativa.

• A privacidade termina no momento em que a segurança de seu filho está em risco. Se você acha que seu filho está sofrendo bullying, dê uma olhada no celular dele e veja as mensagens. Aliás, muitos pais podem descobrir que os próprios filhos estão praticando o bullying contra colegas.

• Permita liberdade para que seu filho converse com você. Se o único momento “família” que você tem com ele é na hora do jantar, na frente de todos os irmãos e parentes, procure horários em que vocês possam ter conversas mais particulares.
Fonte: CNN

Sofrer Bullying é genético

Uma das palavras importadas que mais entraram em nosso uso corrente nos últimos tempos é o Bullying. Para quem preferiu não acompanhar discussões pedagógicas nos últimos anos, Bullying é cometer atos de violência física ou psicológica, que parte de um indivíduo com o objetivo de intimidar, contra outro incapaz de se defender. É mais comum entre crianças e jovens nas escolas.

Uma pesquisa da Universidade Duke (na Carolina do Norte, EUA) sugere que um gene relaconado a problemas emocionais apresenta uma “tendência” do portador sofrer bullying. O cromossomo responsável seria a versão curta do 5-HTT, que está ligado ao estresse.

O nível de “vulnerabilidade” ao bullying, segundo os cientistas, está associado à estrutura dos cromossomos 5-HTT, e a questão é se as cadeias cromossômicas são curtas ou longas. Entre as cranças que sofrem bullying, um terço das crianças com duas cadeias curtas apresentaram problemas emocionais. Esses problemas foram verificados em 29% das que possuem uma cadeia curta e outra longa, e 15% para os que possuem duas longas.

A conclusão desse papo genético é que a cadeia curta do gene (na qual houve maior número de crianças com problemas) é a responsável pelo transporte de um hormônio chamado serotonina, que controla alterações de humor, emocionais, e o estresse.

Um grande número de vítimas de bullying com até 12 anos de idade apresentavam duas cadeias curtas do cromossomo. Em média, eles acumularam de seis a sete sintomas de depressão, ansiedade e dificuldades sociais relacionadas ao bullying. [Science News]

Políticas anti-bullying nas escolas diminuem frequência de suicídio entre jovens gays

Adolescentes gays, lésbicas ou bissexuais têm cinco vezes mais chances de cometer suicídio do que jovens heterossexuais. Porém, um ambiente favorável na escolas e na comunidade – o que, infelizmente, não acontece sempre – pode fazer a diferença, sugere uma nova pesquisa.

O suicídio é a terceira principal causa de morte de jovens entre 15 a 24 anos – e os adolescentes gays, lésbicas ou bissexuais (LGB) são mais propensos a tentar o suicídio, de acordo com os autores do estudo.

Liderado por Mark Hatzenbuehler, da Universidade de Columbia, Estados Unidos, os pesquisadores entrevistaram mais de 30 mil alunos do Ensino Médio em onze diferentes municípios no estado do Oregon. Os resultados mostraram que cerca de 20% dos adolescentes GLB haviam tentado cometer suicídio nos 12 meses anteriores à pesquisa, enquanto a taxa entre os heterossexuais foi de apenas 4%.

Os autores também analisaram o ambiente em que o aluno está inserido. Eles estudaram as iniciativas por parte da escola – como políticas específicas anti-bullying contra homossexuais ou políticas anti-discriminação -, a união entre gays e heterossexuais – grupos de estudantes que trabalham para aumentar a tolerância entre os jovens homossexuais e heterossexuais, por exemplo -, a presença de casais do mesmo sexo na área e as tendências políticas do município.

Jovens GLB jovens que vivem em um ambiente social mais favorável aos homossexuais – com políticas anti-discriminação, por exemplo – têm 25% menos probabilidade de tentar suicídio do que aqueles que vivem em ambientes desfavorável. Surpreendentemente, um ambiente de apoio ao gays também tem consequências positivas aos heterossexuais: jovens héteros possuem 9% menos chances de tentar tirar a própria vida.

“Os resultados deste estudo são bastante atraentes”, avalia Hatzenbuehler. “Quando a comunidade oferece apoio ao jovem gay e as escolas adota medidas anti-bullying e políticas anti-discriminação que, especificamente, protegem esses adolescentes, o risco de tentativa de suicídio cai para todos os jovens, especialmente os GLB”.

Um estudo publicado no ano passado mostrou que o apoio dos pais também pode desempenhar um importante papel no bem-estar de adolescentes gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. Publicado no Jornal da Psiquiatria Infantil e Adolescente, o estudo aponta comportamentos específicos dos pais, tais como a defesa de seus filhos quando eles são maltratados devido à sua identidade GLBT e o apoio de sua expressão sexual, estão ligados a um menor risco de depressão, abuso de drogas, pensamentos suicidas e até mesmo tentativas de suicídio na idade adulta.

Segundo os pesquisadores, as escolas devem iniciar e apoiar estes tipos de políticas de apoio e alianças entre gays e heterossexuais. “A boa notícia é que este estudo sugere um roteiro de como podemos reduzir as tentativas de suicídio entre jovens gays, lésbicas e bissexuais”, comemora Hatzenbuehler. “O estudo mostra que a escola que cria um ambiente confortável para os jovens gays acaba ajudando os héteros também. Foram encontrados melhores resultados na saúde de todos os jovens”, completa. [LiveScience]

Bullying motivou 87% de ataques em escolas, diz estudo dos EUA

Pesquisa analisou 66 ataques no mundo de 1955 a 2011.
Psiquiatra norte-americano diz que não há perfil para assassino nas escolas.

O psiquiatra americano Timothy Brewerton, que tratou de alguns dos estudantes sobreviventes do massacre de Columbine, que deixou 13 mortos em 1999 nos Estados Unidos, apresentou nesta sexta-feira (15), no Rio, estudo realizado pelo serviço secreto do país cujo resultado apontou que, nos 66 ataques em escolas que ocorreram no mundo de 1966 a 2011, 87% dos atiradores sofriam bullying e foram movidos pelo desejo de vingança.

Trata-se da mesma motivação alegada pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. "O bullying pode ser considerado a chave para entender o problema e um enorme fator de risco, mas outras características são importantes, como tendências suicidas, problemas mentais e acessos de ira. Não acredito em um estereótipo ou perfil para um assassino potencial nas escolas."

A pesquisa apontou que em 76% dos ataques no mundo os assassinos eram adolescentes e tinham fácil acesso às armas de parentes. "Além do controle ao acesso às armas, recomendamos também que os pais fiquem atentos a alguns comportamentos, como maus-tratos contra animais, alternância de estados de humor, tendências incendiárias, isolamento e indiferença", disse Brewerton.

Segundo ele, 70% dos ataques registrados em escolas no mundo aconteceram nos Estados Unidos. O levantamento apontou que naquele país 160 mil alunos faltam diariamente no colégio por medo de sofrer humilhações, surras ou agressões verbais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo .

O bullying na escola e o preconceito nosso de cada dia

A escola reflete o que ocorre na nossa sociedade.

Não é raro serem notificados na mídia casos significativos de violência nos quais o bullying tem sido associado como sua causa principal. Especificamente sobre o que ocorre nas escolas, também é frequente ser atribuída a responsabilidade ao professor, de modo unilateral.

O fato é que, pensando dessa forma, acabamos por ignorar o papel de toda a sociedade nesses casos, inviabilizando reflexões e discussões mais profundas. Por exemplo: O que o bullying, de fato, significa? O que tem sido feito, de forma consistente, durante o processo de formação dos professores, para que eles saiam das universidades aptos a lidarem com situações de bullying, no espaço escolar? O bullying acontece somente na escola? O que esses fatos restritos a espaços escolares sugerem? Qual será o papel da mídia nesses casos: será que ela superestima a violência; e até mesmo incentiva a própria intolerância e preconceito (luta de classes, homofobia, racismo, preconceito contra a mulher e intolerância religiosa, por exemplo)? Será que ela mesma, ao descrever tragédias assim, reforça estereótipos, algumas vezes de forma simplista e até mesmo tendenciosa? E o sistema econômico no qual estamos inseridos, será que ele não incentiva o paradoxo entre aqueles considerados vencedores e os perdedores?

No caso específico do que ocorreu na Escola Municipal Tasso da Silveira (em Realengo, na Zona Oeste do Rio, no dia sete de abril de 2011, considerada a maior tragédia ocorrida dentro do espaço escolar em nosso país), por que será que Wellington de Menezes, ao atirar, teve como alvo principal as garotas; e por que pouco se frisa essa questão? Se, no caso, ele tivesse dado preferência a pessoas negras, ao atirar, a mídia não estaria falando em preconceito racial? E por que também pouco se fala das hostilidades que ele sofreu, quando estudava naquele espaço; como o fato de terem colocado a sua cabeça na privada, dando descarga logo em seguida?

Por que rapidamente nos esquecemos de situações degradantemente significativas, como o caso de Geisy Arruda, a garota que quase foi linchada pelos colegas por um motivo “muito relevante”: o comprimento de seu vestido; da garota paulistana que, via twitter, incitava o ódio aos nordestinos, com as frases (sic) "Nordestisto não é gente. Faça um favor a São Paulo: mate um nordestino afogado!"; ou de Jair Bolsonaro, dizendo que um filho dele jamais namoraria uma negra, pois são suficientemente bem-educados para não se submeterem a esse tipo de promiscuidade – corrigindo-se, depois, dizendo que entendeu a palavra “gay” ao invés de “negra”, como se justificando tal agressão? E o que falar dos homossexuais que foram agredidos com lâmpadas incandescentes, e aqueles vários outros que são agredidos todos os dias, em todo o país, como o caso que ocorreu em Itarumã-GO, no qual uma garota lésbica foi morta pelos familiares de sua namorada?

E qual a nossa postura diante de todas essas questões, que permeiam a nossa sociedade a todo o momento? Será que não reproduzimos alguns desses comportamentos? Quem nunca “curtiu” com um colega de classe por ele ser diferente, sob o seu ponto de vista? Quando estamos de carro, será que negligenciamos aqueles que estão a pé, ou os que possuem veículos menos elegantes que os nossos; mas, quando estamos a pé, ficamos chateados com a truculência de alguns motoristas? Não é interessante reconhecer que, em diversas situações diferentes, assumimos tanto o papel de opressores quanto o de oprimidos? E como nos sentimos quando vivemos cada um desses papéis?

Assim, tais tragédias não devem somente chamar a nossa atenção pela barbaridade com que são realizadas. Devemos ter em mente que, na grande maioria dos casos, são exceções, reações extremas, realizadas por alguém que não teve inteligência emocional o bastante para lidar com as adversidades, muitas vezes deveras dolorosas, injustas ou mesmo degradantes, provocadas pela sociedade que construímos. Assim, não significa também que todas as pessoas mais reclusas, com algum problema psiquiátrico, ou que sofrerem preconceito ou grandes traumas na vida têm vontade, ou um dia irão cometer um ato assim.

Pensando sob esta ótica, devemos buscar respostas mais profundas e avaliar nossos comportamentos com aqueles que nos cercam, mesmo de forma indireta. A escola tem um interessante papel nesse sentido, já que é um espaço no qual os estudantes passam boa parte do seu tempo, e que, de certa forma, é uma minirrepresentação da sociedade em que vivemos.

Casos de desrespeito não devem ser tolerados e, para tal, não bastam unicamente punições, mas um trabalho anterior de desconstrução de valores, e que começa dos próprios educadores, coordenadores e direção, por exemplo, evitando estigmatizar alunos. Discussões em sala; criação de uma “central anônima”, na qual o aluno pode denunciar casos assim; e abertura para o diálogo; são medidas igualmente relevantes. O texto “Lidando com o bullying na escola”, também do Canal do Educador, fornece dicas pontuais sobre esse assunto.
Por Mariana Araguaia - Bióloga, especialista em Educação Ambiental - Equipe Brasil Escola

Emma Watson pode ter deixado a universidade após sofrer bullying


A atriz teria sido hostilizada por colegas de Brown, nos Estados Unidos

Emma Watson pode ter deixado de estudar após ter sido vítima de bullying. De acordo com fontes do jornal “New York Daily News”, a estrela da saga “Harry Potter” teria parado de frequentar a universidade de Brown, nos Estados Unidos, após ser alvo de constantes piadas dos colegas.

Segundo um informante da publicação, as piadas aconteciam quando a jovem atriz respondia a perguntas em palestras. "Quando ela ia responder eles citavam uma frase de 'Harry Potter'", contou.

Os alunos geralmente gritavam a frase "três pontos para Grifinória!". Na saga cinematográfica, o termo era citado quando um jovem bruxo da casa Grifinória acertava a pergunta de um professor ou vencia determinadas tarefas. A bruxa Hermione, personagem de Emma, pertencia à casa.

De acordo ainda com o jornal, Emma, que estuda Artes, também teria sido perseguida por estudantes de Harvard durante uma partida de futebol entre Harvard e Brown. Na época, a atriz assistiu a todo o jogo sendo escoltada por seguranças e mesmo assim ouvia frases referentes ao filme “Harry Potter”.

Por outro lado, a jovem estrela, que possui uma fortuna de cerca de 10 milhões de libras, teria oficialmente dado outro motivo e informou que sua saída estaria ligada a compromissos profissionais.

Além de já ter tido uma crise de choro por conta do assédio dos estudantes, a atriz chegou a pedir para um colega de moradia a assinar um acordo de confidencialidade rigoroso antes de começarem a viver sob o mesmo teto. O porta-voz da estrela ainda não foi encontrado para falar sobre o assunto. Segundo jornal inglês “Daily Mail”, Emma estaria planejando deixar Brown e se transferir para outra universidade dos Estados Unidos, possivelmente em Nova York.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Obama admite ter sofrido bullying na escola

Presidente norte-americano diz que foi alvo de piada por suas orelhas grandes.


- Parte o nosso coração pensar que qualquer criança pode sentir medo ao ir para a sala de aula, ao parquinho ou mesmo pela internet.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse em discurso na tarde desta quinta-feira (10) que sofreu bullying quando era estudante, segundo informações foram divulgadas na página do jornal The Washington Post na internet. Ele discursou em conferência da Casa Branca, em um evento sobre a prevenção do bullying que reúne cerca de 150 pais, além de especialistas, professores, administradores e membros do governo.

Obama fez um apelo para a população: disse que os americanos precisam olhar para o problema que está se tornando cada vez mais sério no país. Segundo estimativas do governo, cerca de 13 milhões de crianças são afetadas a cada ano por este tipo de agressão.

- Se esta conferência tem um objetivo, é o de desmistificar que o bullying é um “rito de passagem inofensivo” do processo de amadurecimento.

Ele disse também que, “quando adultos, sempre lembramos de como é ser ‘escolhido’ nos corredores e pátios da escola”.

- E preciso confessar que, com orelhas grandes e com o meu nome, não passei despercebido.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

BULLYING - quando a brincadeira perde a graça!

Introdução: O bullying é um fenômeno mundial que pode ser a causa de uma violência “sem explicação”, praticada por jovens de classe média e alta. Jovens que têm tudo, pelo menos do ponto de vista material. Lembra do caso do índio Galdino, que dormia num ponto de ônibus, em Brasília, quando cinco jovens botaram fogo em seu corpo? Galdino morreu. Os advogados dos garotos tentaram alegar que foi uma brincadeira, mas eles haviam derramado um litro inteiro de álcool sobre o corpo do índio e nem o socorreram quando o fogo se alastrou. Ficou a pergunta: porque eles fizeram aquilo?

A palavra bullying é originária do verbo de língua inglesa to bully, que significa maltratar. O termo surgiu na Grã-Bretanha para designar uma forma de crueldade que se dava na relação entre crianças e adolescentes. A Associação Brasileira de Proteção da Infância e Adolescência (Abrapia), por exemplo, diz o seguinte do bullying: “é quando se usa do poder ou da força para intimidar ou perseguir os outros. As vítimas de intimidação normalmente são indefesas e incapazes de motivar outras pessoas para agirem em sua defesa. Trata-se, infelizmente, de um problema que afeta as nossas escolas, comunidades e toda a sociedade”.

O bullying ocorre entre iguais, no caso entre estudantes. Está relacionado a atitudes agressivas, intencionais e que se repetem. Causa dor e angústia. Pode se manifestar num simples apelido: se a criança ou adolescente que recebeu o apelido se sentir ofendida, e se os colegas insistirem na brincadeira, esta deixa de ser brincadeira e passa a ser uma agressão. A insistência pode ainda alimentar uma revolta, desencadear uma agressão física. E quando esse sentimento é reprimido, as conseqüências da angústia e do sofrimento contínuos para a formação da personalidade são pouco previsíveis. Esta é a vítima. Por outro lado, o adolescente que pratica o bullying pode vir a tocar fogo no corpo das pessoas quando estiver mais velho, porque não foi repreendido quando constrangia, ofendia ou mesmo agredia o colega na escola, no esporte, na piscina, na balada.


Mas o que leva crianças e adolescentes a serem cruéis com seus próprios colegas? Para a psicóloga e psicanalista Artenira Silva e Silva, nós estamos num momento em que a adolescência, principalmente de classe média, vive um conflito muito grave sobre o que é certo ou errado. “Existe uma dificuldade muito grande do adolescente de classe média, hoje, em identificar o que é, e o que não certo. Até onde ele pode ir e quando ele vai atropelar o direito de outra pessoa”. Outra dificuldade em relação ao bullying diz respeito às escolas que ainda não sabem lidar com o assunto.

O bulliyng não se trata só de brincadeiras inconvenientes, ele também passa pela sexualidade, um exemplo disso foi um caso onde uma menina de sete anos foi dominada por dois colegas para que um terceiro lhe desse um beijo na boca. A menina se revoltou e comunicou aos pais que foram até escola e exigiram providencias. Os pais do menino disseram que o garoto era apaixonado pela menina e só tinha sete anos, e por isso era injusto puni-lo, pois o mesmo só queria ser carinhoso. “A mãe só esqueceu que o carinho do menino implicou em violência, e que carinho se conquista em qualquer idade, seja ela qual for. Por isso, se a mãe continuar alimentando o comportamento do filho, dá pra imaginar o que ele fará com 15 anos”, alertou Artenira.

Por não existir uma palavra na língua portuguesa capaz de expressar todas as situações de possíveis, o quadro, a seguir, relaciona algumas ações que podem estar presentes:

Colocar apelidos
Ofender
Zoar
Gozar
Encarnar
Sacanear
Humilhar Fazer sofrer
Discriminar
Excluir
Isolar
Ignorar
Intimidar
Perseguir
Assediar
Aterrorizar
Amedrontar
Tiranizar
Dominar Agredir
Bater
Chutar
Empurrar
Ferir
Roubar
Quebrar pertences

O BULLYING é um problema mundial, sendo encontrado em toda e qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana. Pode-se afirmar que as escolas que não admitem a ocorrência de BULLYING entre seus alunos, ou desconhecem o problema, ou se negam a enfrentá-lo.

De que maneira os alunos se envolvem com o Bullying?

Seja qual for a atuação de cada aluno, algumas características podem ser destacadas, como relacionadas aos papeis que venham a representar:

- alvos de Bullying - são os alunos que só sofrem BULLYING;
- alvos/autores de Bullying - são os alunos que ora sofrem, ora praticam BULLYING;
- autores de Bullying - são os alunos que só praticam BULLYING;
- testemunhas de Bullying - são os alunos que não sofrem nem praticam Bullying, mas convivem em um ambiente onde isso ocorre.


§ Os autores são, comumente, indivíduos que têm pouca empatia. Freqüentemente, pertencem a famílias desestruturadas, nas quais há pouco relacionamento afetivo entre seus membros. Seus pais exercem uma supervisão pobre sobre eles, toleram e oferecem como modelo para solucionar conflitos o comportamento agressivo ou explosivo. Admite-se que os que praticam o BULLYING têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, inclusive, atitudes delinqüentes ou criminosas.

§ Os alvos são pessoas ou grupos que são prejudicados ou que sofrem as conseqüências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis. Um forte sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo. A baixa auto-estima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns crêem ser merecedores do que lhes é imposto. Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com freqüência, ou abandonam os estudos. Há jovens que estrema depressão acabam tentando ou cometendo o suicídio.


§ As testemunhas, representadas pela grande maioria dos alunos, convivem com a violência e se calam em razão do temor de se tornarem as "próximas vítimas". Apesar de não sofrerem as agressões diretamente, muitas delas podem se sentir incomodadas com o que vêem e inseguras sobre o que fazer. Algumas reagem negativamente diante da violação de seu direito a aprender em um ambiente seguro, solidário e sem temores. Tudo isso pode influenciar negativamente sobre sua capacidade de progredir acadêmica e socialmente.


E o Bullying envolve muita gente?

A pesquisa mais extensa sobre BULLYING, realizada na Grã Bretanha, registra que 37% dos alunos do primeiro grau e 10% do segundo grau admitem ter sofrido BULLYING, pelo menos, uma vez por semana.

O levantamento realizado pela ABRAPIA, em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5a a 8a séries, de onze escolas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de Bullying, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e 12,7% autores de Bullying.


Os meninos, com uma freqüência muito maior, estão mais envolvidos com o Bullying, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, embora com menor freqüência, o BULLYING também ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática de exclusão ou difamação.


Quais são as conseqüências do Bullying sobre o ambiente escolar?


Quando não há intervenções efetivas contra o BULLYING, o ambiente escolar torna-se totalmente contaminado. Todas as crianças, sem exceção, são afetadas negativamente, passando a experimentar sentimentos de ansiedade e medo. Alguns alunos, que testemunham as situações de BULLYING, quando percebem que o comportamento agressivo não trás nenhuma conseqüência a quem o pratica, poderão achar por bem adotá-lo.


Alguns dos casos citados na imprensa, como o ocorrido na cidade de Taiúva, interior de São Paulo, no início de 2003, nos quais um ou mais alunos entraram armados na escola, atirando contra quem estivesse a sua frente, retratavam reações de crianças vítimas de BULLYING. Merecem destaque algumas reflexões sobre isso:


- depois de muito sofrerem, esses alunos utilizaram a arma como instrumento de "superação” do poder que os subjugava.


- seus alvos, em praticamente todos os casos, não eram os alunos que os agrediam ou intimidavam. Quando resolveram reagir, o fizeram contra todos da escola, pois todos teriam se omitido e ignorado seus sentimentos e sofrimento.


As medidas adotadas pela escola para o controle do BULLYING, se bem aplicadas e envolvendo toda a comunidade escolar, contribuirão positivamente para a formação de uma cultura de não violência na sociedade.


Quais são as conseqüências possíveis para os alvos?


As crianças que sofrem BULLYING, dependendo de suas características individuais e de suas relações com os meios em que vivem, em especial as famílias, poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. Poderão assumir, também, um comportamento agressivo. Mais tarde poderão vir a sofrer ou a praticar o BULLYING no trabalho (Workplace BULLYING). Em casos extremos, alguns deles poderão tentar ou a cometer suicídio.


E para os autores?


Aqueles que praticam Bullying contra seus colega poderão levar para a vida adulta o mesmo comportamento anti-social, adotando atitudes agressivas no seio familiar (violência doméstica) ou no ambiente de trabalho.


Estudos realizados em diversos países já sinalizam para a possibilidade de que autores de Bullying na época da escola venham a se envolver, mais tarde, em atos de delinqüência ou criminosos.


E quanto às testemunhas?


As testemunhas também se vêem afetadas por esse ambiente de tensão, tornando-se inseguras e temerosas de que possam vir a se tornar as próximas vítimas.
CONSELHOS AOS PAIS E EDUCADORES

Indicadores de estar sendo alvo de Bullying


Demonstrar falta de vontade de ir à escola.


Sentir-se mal perto da hora de sair de casa.


Pedir para trocar de escola.


Revelar medo de ir ou voltar da escola.


Pedir sempre para ser levado à escola.


Mudar freqüentemente o trajeto entre a casa e a escola.


Apresentar baixo rendimento escolar.


Voltar da escola, repetidamente, com roupas ou livros rasgados.


Chegar muitas vezes em casa com machucados inexplicáveis.


Tornar-se uma pessoa fechada, arredia.


Parecer angustiado, ansioso, deprimido.


Apresentar manifestações de baixa auto-estima.


Ter pesadelos freqüentes, chegando a gritar "socorro" ou "me deixa" durante o sono.


"Perder", repetidas vezes, seus pertences, seu dinheiro.


Pedir sempre mais dinheiro ou começar a tirar dinheiro da família.


Evitar falar sobre o que está acontecendo, ou dar desculpas pouco convincentes para tudo.
Tentar ou cometer suicídio.


Se seu filho (filha), apresenta alguns dos sinais descritos acima, pode ser que ele (ela) esteja sendo alvo de Bullying.


Tente conversar com ele sobre o assunto e, caso ele confirme sua suspeita, procure o professor e/ou a direção da escola para ajudarem a solucionar o problema.


Não exija dele o que ele não se sinta capaz de realizar!


Não o culpe pelo que está acontecendo!


Elogie sua atitude de relatar o que o está atormentando!
Quando a agressividade passa a ser Bullying?


É comum que as crianças passem por situações na vida, em que se sintam fragilizadas e em decorrência disso tornem-se temporariamente agressivas. Assim, o nascimento de um novo bebê na família, a separação dos pais ou a perda de algum parente próximo podem ser motivo para a mudança repentina no comportamento da criança. No entanto, normalmente, essa "tempestade" aos poucos vai passando e volta a "calmaria".


Mas, há casos em que se observa algo diferente: algumas crianças apresentam uma agressividade não apenas transitória, mas permanente. Parecem estar sempre provocando situações de briga.
Eis alguns motivos para que essas crianças se tornem agressores crônicos, possíveis autores de Bullying.


Porque foram mal acostumadas e por isso esperam que todo mundo faça todas as suas vontades e atenda sempre às suas ordens.


Gostam de experimentar a sensação de poder.


Não se sentem bem com outras crianças, tendo dificuldade de relacionamento.


Sentem-se inseguras e inadequadas.


Sofrem intimidações ou são tratados como bodes expiatórios em suas casas.


Já foram vítimas de algum tipo de abuso.


São freqüentemente humilhadas pelos adultos.


Vivem sob constante e intensa pressão para que tenham sucesso em suas atividades.


Evidentemente, essas crianças precisam de ajuda, mais do que de punição. Torna-se urgente dar assistência a elas, para que se possa interromper esse ciclo de violência que vai se instalando em suas vidas.


Agressores precisam de vítimas. E quem são as vítimas?


Geralmente, os autores de Bullying, procuram pessoas que tenham alguma característica que sirva de foco para suas agressões. Assim, é comum eles abordarem pessoas que apresentem algumas diferenças em relação ao grupo no qual estão inseridas, como por exemplo: obesidade, baixa estatura, deficiência física, ou outros aspectos culturais, étnicos ou religiosos. O que se verifica é que essas crianças são alvos mais visados e tornam-se mais vulneráveis ao Bullying, por possuírem algumas dessas características específicas.


Mas, o fato de sofrer Bullying não é culpa da vítima, pois ninguém pode ser responsabilizado por ser diferente!...


Na verdade, a diferença é apenas o pretexto para que o agressor satisfaça uma necessidade que é dele mesmo: a de agredir.


Tanto os pais, quanto as escolas, devem ajudar as crianças a lidarem com as diferenças, procurando questionar e trabalhar seus preconceitos. E uma das boas maneiras de se lidar com isso é promovendo debates, nos quais os jovens possam tomar consciência dessas questões e confrontar suas idéias com a de outros jovens.
Aos pais


Se você for informado de que seu(sua) filho(a) é um(a) autor(a) de Bullying, converse com ele(a) e: Saiba que ele(a) está precisando de ajuda.


Não tente ignorar a situação, nem procure fazer de conta que está tudo bem.
Procure manter a calma e controlar sua própria agressividade ao falar com ele(a). Mostre que a violência deve ser sempre evitada.


Não o(a) agrida, nem o(a) intimide; isso só iria tornar a situação ainda pior.
Mostre que você sabe o que está acontecendo, mas procure demonstrar que você o(a) ama, apesar de não aprovar esse seu comportamento.


Converse com ele(a): procure saber porque ele(a) está agindo assim e o que poderia ser feito para ajudá-lo(a).


Garanta a ele(a) que você quer ajudá-lo(a) e que vai buscar alguma maneira de fazer isso.
Tente identificar algum problema atual que possa estar desencadeando esse tipo de comportamento. Nesse caso, ajude-o(a) a sair disso.


Com o consentimento dele, entre em contato com a escola; converse com professores, funcionários e amigos que possam ajudá-lo(a) a compreender a situação.


Dê orientações e limites firmes, capazes de ajudá-lo(a) a controlar seu comportamento.
Procure auxiliá-lo(a) a encontrar meios não agressivos para expressar suas insatisfações.
Encoraje-o(a) a pedir desculpas ao colega que ele(a) agrediu, seja pessoalmente ou por carta.
Tente descobrir alguma coisa positiva em que ele(a) se destaque e que venha a melhorar sua auto-estima. Procure criar situações em que ele(a) possa se sair bem, elogiando-o(a) sempre que isso ocorrer
Aos diretores, coordenadores e professores das escolas.

Se vocês desejam reduzir o Bullying dentro das escolas , aqui vão alguns conselhos para lidar com isso.


Desde o primeiro dia de aula, avisem aos alunos que não será tolerado Bullying nas dependências da escola. Todos devem se comprometer com isso: não o praticando e avisando à direção sempre que ocorrer um fato dessa natureza.

Promovam debates sobre Bullying nas classes, fazendo com que o assunto seja bastante divulgado e assimilado pelos alunos.

Estimulem os estudantes a fazerem pesquisas sobre o tema na escola, para saber o que alunos, professores e funcionários pensam sobre o Bullying e como acham que se deve lidar com esse assunto.

Convoquem assembléias, promovam reuniões ou fixem cartazes, para que os resultados da pesquisa possam ser apresentados a todos os alunos.

Facultem a oportunidade de que os próprios alunos criem regras de disciplina para suas próprias classes. Essas regras, depois, devem ser comparadas com as regras gerais da escola, para que não haja incoerências.

Da mesma maneira, permitam que os alunos busquem soluções capazes de modificar o comportamento e o ambiente.

Sempre que ocorrer alguma situação de Bullying, procurem lidar com ela diretamente, investigando os fatos, conversando com autores e alvos. Quando ocorrerem situações relacionadas a uma causa específica, tentem trabalhar objetivamente essa questão, talvez por meio de algum projeto que aborde o tema. Evitem, no entanto, focalizar alguma criança em particular.

Nos casos de ocorrência de Bullying, conversem com os alunos envolvidos e digam-lhes que seus pais serão chamados para que tomem ciência do ocorrido e participem junto com a escola da busca de soluções.

Interfiram diretamente nos grupos, sempre que isso for necessário para quebrar a dinâmica de Bullying. Façam os alunos se sentarem em lugares previamente indicados, mantendo afastados possíveis autores de Bullying, de seus alvos.

Conversem com a turma sobre o assunto, discutindo sobre a necessidade de se respeitarem as diferenças de cada um. Reflita com eles sobre como deveria ser uma escola onde todos se sentissem felizes, seguros e respeitados.

Bullying nos famosos


Sabiam que Taylor Swift, Justin Timberlake e Megan Fox foram humilhados pelos seus colegas de turma enquanto cresciam? Ou que Mika foi perseguido pela sua professora?
Taylor Swift: Taylor Swift revelou, durante uma entrevista na edição de Dezembro da Women's Health, que foi uma vítima de bullying durante os seus tempos de liceu, referindo que a maior parte dos seus amigos consideravam-na 'estranha' e preferiam guardar-lhe distância. 'Viver numa quinta isolada era, basicamente, um isolamento e as outras raparigas pensavam que eu era estranha'.
Rosario Dawson: 'Ao crescer, existem muitas raparigas que se desenvolvem rapidamente. A minha mãe tinha uma linha de busto muito pronunciada, mas eu 'desabrochei tarde'. Uma das minhas piores memórias foi estar toda produzida para uma actividade escolar e ter as raparigas a gozarem comigo porque eu era uma 'tábua lisa'. E demorei muito tempo a ganhar as minhas curvas'.
Daniel Radcliffe 'Não era um rapaz popular na escola porque eles queriam fazer-me mal e eu nunca o aceitei', disse Daniel, de 19 anos, ao mirror.co.uk, salientando que chegou a participar numa briga para judar um rapaz na escola. 'Tinha 14 anos e ele 19 e já existia uma grande dose de animosidade entre nós. Ele esta a ser horrível para um miúdo que eu conhecia e, por isso, tirei-o de cima desse rapaz e ele deu-me um murro na cara'.Miley Cyrus: No livro autobiográfico "Miley Cyrus: Miles to Go," a estrela adolescente conta, ao pormenor, o bullying de que foi alvo pelo grupo 'O clube anti-Miley', durante a sua infância passada no Tennessee, de acordo com o site accesshollywood.com. 'As raparigas levaram o bullying muito mais longe. Eram grandes e fortes e eu pequena e magricela. Elas eram perfeitamente capazes de me fazer mal fisicamente.'Mika O cantor de 'Grace Kelly' foi ridicularizado pelos seus colegas desde a infância, salientando o seu choque quando a sua 'nojenta' professora começou a provocá-lo, contou à revista Seven. ' O bullying estava fora de controlo. Cheguei a ser provocado por um dos meus professores, uma professora. Não sei porque o fez, pois nunca a provoquei e não fui o último a quem ela fez isso. Ela era apenas uma pessoa muito má. Eu não era valentão, nem um lutador na sala de aula'.Megan Fox: Megan Fox revelou que era um alvo na escola devido ao seu desejo de ser actriz. A estrela de 'Transformers' sempre publicitou as suas ambições, o que não caía bem entre as suas colegas, referiu o site fametastic.co.uk .'Existiram algumas raparigas demoníacas na minha escola e fui para um colégio cristão. Tinha 15 anos e todos sabiam o que queria para a minha vida e provocaram-me muito por isso.'
Justin Timberlake: O cantor pop, que tem uma legião de admiradoras, disse que o mesmo não se passava entre os elementos do sexo oposto. 'Estava sempre a ser provocado pelos rapazes, por ter um acne terrível e um cabelo muito estranho'.Jessica Simpson: 'Ouvia as pessoas a falar sobre mim quando passava pelos corredores da escola. Atiraram papel higiénico à minha casa e ovos à minha porta... Escreveram muitas coisas no passeio com tinta permanente. Eles realmente odiavam-me'Jessica Alba: A actriz sofreu o bullying na escola, onde ganhou uma fama de 'galdéria', após ter crescido muito fisicamente em tenra idade. Jessica considera que os principais responsáveis foram as mães dos colegas de turma e o director da escola primária, que lhe fez a 'vida negra'. No livro 'If i'd kwon then' - que é um conjunto de experiências de vida de celebridades femininas e que será apresentado em breve - Alba escreve: 'As acusações continuam a fazer ricochete. Eles pensam que eu sou."Demi Lovato: As raparigas sempre serão raparigas. E, como Demi Lovato sabe, elas podem ser muito cruéis. A estrela Disney revelou, no The Ellen DeGeneres Show, ter sido vítima de bullying na escola, provocações que a levaram a passar a ter aulas em casa. 'Nunca percebi porquê estar a ser vítima até ter a capacidade de olhar para trás' disse, referindo que como era já uma actriz, isso fez dela um alvo fácil. 'Tinha um estilo de vida completamente deiferente de todos os outros alunos'.Ali Lohan: 'Há pouco tempo... umas raparigas fizeram um filme sobre mim e colocaram no Youtube'. Ali - cujo reality show 'Living Lohan' para o canal E!, e produzido pela sua mãe, Dina estreia em breve - referiu, em exclusivo à revista People. 'Usaram palavras nojentas. Se a minha mãe alguma vez me ouvisse dizer aquilo, ficaria de castigo para sempre!... São crianças nojentas e senti-me realmente ofendida.'

Eles também sofreram:Elvis Presley: gozado na escola por ser um menino tímido, dificilmente fazia amigos
Gisele Bündchen: a top aturou muitas piadinhas sem graça por ser magra e alta. Tinha três apelidos: Saracura, Olívia Palito e Somaliana
Alinne Moraes: a bela era atormentada por colegas de sua escola em Sorocaba (SP), por causa da sua boca. Tinha um apelido que detestava: Bocão, e pensou em fazer cirurgia plástica para diminuir os lábios.Kate Winslet: a Rose, de Titanic, padecia na escola por ser gordinha, e era chamada de baleia
Tom Cruise: passou maus bocados no colégio por ser disléxico, um distúrbio que interfere na aprendizagemOrlando Bloom: era discriminado por estar acima do peso e ser disléxicoSophia Loren: a musa sofria quando era chamada de "palito-de-dente" e "vareta" pelos colegas

Como podem ver, os famosos também são vítimas de bullying...
Publicada por nobullying em Segunda-feira, Março 22, 2010

Pesquisa sugere que estresse causado pelo bullying altera a química cerebral.


Medo: camundongo “vítima de bullying” (à direita) procura se manter o mais longe possível de seu agressor, mesmo quando os dois são colocados em ambientes separados.

Em experimento com camundongos, pesquisadores de universidade americana acham indícios de que o estresse causado pelo bullying altera a química cerebral, afetando principalmente as áreas relacionadas à ansiedade e à socialização.

Que o bullying provoca mudanças de comportamento em crianças e adolescentes, tornando-os mais retraídos, ansiosos e socialmente isolados, entre outros sintomas, já se sabia. Agora, um novo estudo acha pistas importantes de como essa forma de violência causa danos no cérebro. Na pesquisa, uma equipe da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, analisou o comportamento e a anatomia de camundongos submetidos a uma situação de estresse social crônico, semelhante à pressão sofrida por alunos perseguidos sistematicamente e durante um longo período por colegas. A descoberta foi que o abuso modifica a química cerebral, principalmente em regiões fundamentais para o processamento das emoções.H umberto Rezende, no Correio Braziliense.

Principal autor do estudo, publicado recentemente na revista especializada Psychology and Behavior, Yoav Litvin explica ao Correio que as conclusões podem lançar luz sobre os efeitos do bullying e de outras formas de estresse social nas pessoas. Isso porque as regiões cerebrais nas quais os cientistas focaram estão presentes em todos os mamíferos, dos pequenos roedores aos homens.

Para realizar o experimento, a equipe de Litvin criou em laboratório uma espécie de jardim de infância para o qual nenhum camundongo gostaria de ser mandado. Presa em uma gaiola de vidro, a cobaia era obrigada a conviver por 10 dias com animais mais velhos e maiores que ela — um rato diferente por dia. Como são territorialistas, assim que se viam dividindo o mesmo espaço, os camundongos tendiam a se enfrentar, e a cobaia, em desvantagem, perdia a disputa invariavelmente.

Os pesquisadores permitiam que as brigas diárias durassem apenas 10 minutos. Depois desse tempo, eles isolavam o camundongo maior em um cubículo de vidro, ainda dentro da gaiola. Dessa forma, o animal menor ainda podia ver, ouvir e sentir o cheiro do agressor, situação estressante para ele. Depois de viver sob esse tipo de pressão por 10 dias, a cobaia ganhava um dia de descanso e era levada então a uma outra jaula, onde passava a conviver com animais de mesmo tamanho ao seu.

Todos os animais que haviam passado pelo trauma do “bullying” apresentavam mudanças de comportamento nessa fase do experimento. “Nós descobrimos que, depois de passarem dias sentindo-se derrotados e subjugados por outros animais, os camundongos ficaram relutantes em se aproximar de outros animais de sua espécie”, descreve Litvin, em entrevista por e-mail.

Hormônio

Identificada a mudança comportamental, os pesquisadores partiram para uma análise do cérebro dos camundongos traumatizados. Primeiro, eles notaram que uma droga que inibia a ação de um hormônio chamado vasopressina era capaz de reduzir a ansiedade das cobaias. Depois, a equipe examinou os cérebros dos animais e notou que eles estavam mais sensíveis à ação do hormônio, que no ser humano está associado à agressão, ao estresse e a distúrbios de ansiedade. O aumento dos receptores de vasopressina foi notado especialmente na amígdala, área que pode ser descrita como o centro emocional do cérebro.

Para Litvin, essas alterações no sistema cerebral podem ser a base da mudança comportamental surgida a partir de situações de estresse social crônico. “Os roedores estressados apresentaram mudanças na ativação de neurônios que estão relacionados com o controle da ansiedade e com a socialização. Essas mudanças podem ser a base de alguns dos efeitos comportamentais que surgem em situações como o bullying”, afirma.

O especialista acredita que o estudo pode ajudar a compreender melhor os efeitos de traumas surgidos pelo convívio social e levar ao desenvolvimento de tratamentos ou maneiras de prevenir as consequências do estresse crônico em humanos. Ele ressalta, no entanto, que outros estudos precisam ser feitos antes de se afirmar que os danos observados nos cérebros dos camundongos se repetem nas pessoas. Também não se sabe se essas alterações — mesmo nos ratos — são permanentes ou se o cérebro volta ao normal depois de um período longo distante da fonte de estresse. “É importante lembrar que os cérebros de camundongos e humanos são muito diferentes”, frisa.

Os indícios apontados pela pesquisa norte-americana, porém, não surpreendem a médica psiquiatra e especialista em bullying Ana Beatriz Barbosa Silva. “Qualquer estresse leva a mudanças de comportamento e promove a liberação de uma série de substâncias químicas”, diz a autora do livro Bullying: mentes perigosas nas escolas (Objetiva). No caso do bullying, ela ressalta que a situação tende a ser mais grave, porque o estresse pode se prolongar, tornando-se crônico. “Como a criança normalmente não conta a ninguém o que está sofrendo, a situação pode seguir por um ou dois anos. A amígdala cerebral fica mesmo hiperfuncionante e passa a sinalizar perigos que às vezes não existem”, completa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

* O FENÔMENO BULLYING E AS SUAS CONSEQÜÊNCIAS PSICOLÓGICAS

Cleodelice Aparecida Zonato Fante *


Na atualidade, um dos temas que vem despertando cada vez mais, o interesse de profissionais das áreas de educação e saúde, em todo o mundo, é sem dúvida, o do bullying escolar. Termo encontrado na literatura psicológica anglo-saxônica, que conceitua os comportamentos agressivos e anti-sociais, em estudos sobre o problema da violência escolar.


Sem termo equivalente na língua portuguesa, define-se universalmente como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento”. Insultos, intimidações, apelidos cruéis e constrangedores, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos, levando-os à exclusão, além de danos físicos, psíquicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying.


O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a propriedade de causar “traumas” ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos. Possui ainda a propriedade de ser reconhecido em vários outros contextos, além do escolar: nas famílias, nas forças armadas, nos locais de trabalho (denominado de assédio moral), nos asilos de idosos, nas prisões, nos condomínios residenciais, enfim onde existem relações interpessoais.


Estudiosos do comportamento bullying entre escolares identificam e classificam assim os tipos de papéis sociais desempenhados pelos seus protagonistas: “vítima típica”, como aquele que serve de bode expiatório para um grupo; “vítima provocadora”, como aquele que provoca determinadas reações contra as quais não possui habilidades para lidar; “vítima agressora”, como aquele que reproduz os maus-tratos sofridos; “agressor”, aquele que vitimiza os mais fracos; “espectador”, aquele que presencia os maus-tratos, porém não o sofre diretamente e nem o pratica, mas que se expõe e reage inconscientemente a sua estimulação psicossocial. Trata-se de um problema mundial, encontrado em todas as escolas, que vem se disseminado largamente nos últimos anos e que só recentemente vem sendo estudado em nosso país. Em todo o mundo, as taxas de prevalência de bullying, revelam que entre 5% a 35% dos alunos estão envolvidos no fenômeno.


No Brasil, através de pesquisas que realizamos, inicialmente no interior do estado de São Paulo, em estabelecimentos de ensino públicos e privados, com um universo de 1.761 alunos, comprovamos que 49% dos alunos estavam envolvidos no fenômeno. Desses, 22% figuravam como “vítimas”; 15% como “agressores” e 12% como “vítimas-agressoras”. Segundo especialistas, as causas desse tipo de comportamento abusivo são inúmeras e variadas. Deve-se à carência afetiva, à ausência de limites e ao modo de afirmação de poder e de autoridade dos pais sobre os filhos, por meio de “práticas educativas” que incluem maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas.


Em nossos estudos constatamos que 80% daqueles classificados como “agressores”, atribuíram como causa principal do seu comportamento, a necessidade de reproduzir contra outros os maus-tratos sofridos em casa ou na escola. Em decorrência desse dado extremamente relevante, nos motivamos em pesquisas e estudos, que nos possibilitou identificar a existência de uma doença psicossocial expansiva, desencadeadora de um conjunto de sinais e sintomas, a qual denominamos SMAR - Síndrome de Maus-tratos Repetitivos.


O portador dessa síndrome possui necessidade de dominar, de subjugar e de impor sua autoridade sobre outrem, mediante coação; necessidade de aceitação e de pertencimento a um grupo; de auto-afirmação, de chamar a atenção para si. Possui ainda, a inabilidade de expressar seus sentimentos mais íntimos, de se colocar no lugar do outro e de perceber suas dores e sentimentos. Esta Síndrome apresenta rica sintomatologia: irritabilidade, agressividade, impulsividade, intolerância, tensão, explosões emocionais, raiva reprimida, depressão, stress, sintomas psicossomáticos, alteração do humor, pensamentos suicidas. É oriunda do modelo educativo predominante introjetado pela criança na primeira infância. Sendo repetidamente exposta a estímulos agressivos, aversivos ao seu psiquismo, a criança os introjeta inconscientemente ao seu repertório comportamental e transforma-se posteriormente em uma dinâmica psíquica “mandante” de suas ações e reações.


Dessa forma, se tornará predisposta a reproduzir a agressividade sofrida ou a reprimi-la, comprometendo, assim, seu processo de desenvolvimento social. As conseqüências para as “vítimas” desse fenômeno são graves e abrangentes, promovendo no âmbito escolar o desinteresse pela escola, o déficit de concentração e aprendizagem, a queda do rendimento, o absentismo e a evasão escolar. No âmbito da saúde física e emocional, a baixa na resistência imunológica e na auto-estima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos, a depressão e o suicídio. Para os “agressores”, ocorre o distanciamento e a falta de adaptação aos objetivos escolares, a supervalorização da violência como forma de obtenção de poder, o desenvolvimento de habilidades para futuras condutas delituosas, além da projeção de condutas violentas na vida adulta.


Para os “espectadores”, que é a maioria dos alunos, estes podem sentir insegurança, ansiedade, medo e estresse, comprometendo o seu processo socioeducacional. Este fenômeno comportamental atinge a área mais preciosa, íntima e inviolável do ser, a sua alma. Envolve e vitimiza a criança, na tenra idade escolar, tornando-a refém de ansiedade e de emoções, que interferem negativamente nos seus processos de aprendizagem devido à excessiva mobilização de emoções de medo, de angústia e de raiva reprimida.


A forte carga emocional traumática da experiência vivenciada, registrada em seus arquivos de memória, poderá aprisionar sua mente a construções inconscientes de cadeias de pensamentos desorganizados, que interferirão no desenvolvimento da sua autopercepção e auto-estima, comprometendo sua capacidade de auto-superação na vida. Dependendo do grau de sofrimento vivido pela criança, ela poderá sentir-se ancorada a construções inconscientes de pensamentos de vingança e de suicídio, ou manifestar determinados tipos de comportamentos agressivos ou violentos, prejudiciais a si mesma e à sociedade, isto se não houver intervenção diagnóstica, preventiva e psicoterápica, além de esforços interdisciplinares conjugados, por toda a comunidade escolar. Nesse sentido podemos citar as recentes tragédias ocorridas em escolas, como por exemplo, Columbine (E.U.A.); Taiuva (SP); Remanso (BA), Carmen de Patagones (ARG) e Red Lake (E.U.A.). Esta forma de violência é de difícil identificação por parte dos familiares e da escola, uma vez que a “vítima” teme denunciar os seus agressores, por medo de sofrer represálias e por vergonha de admitir que está apanhando ou passando por situações humilhantes na escola ou, ainda, por acreditar que não lhe darão o devido crédito. Sua denúncia ecoaria como uma confissão de fraqueza ou impotência de defesa.


Os “agressores” se valem da “lei do silêncio” e do terror que impõem às suas “vítimas”, bem como do receio dos “espectadores”, que temem se transformarem na “próxima vítima”. Algumas iniciativas bem sucedidas vem sendo implantadas em escolas dos mais diversos países, na tentativa de reduzir esse tipo de comportamento. De forma pioneira no país, implantamos um programa antibullying, denominado de “Programa Educar para a Paz”, por nós elaborado e desenvolvido, em uma escola de São José do Rio Preto. Como resultado, obtivemos índices significativos de redução do comportamento agressivo e expressiva melhora nas relações entre alunos e professores, além de melhorias no desempenho escolar.


O resultado das pesquisas iniciais, que detectava em torno de 26% de vitimização, já no segundo semestre de implantação do programa caiu para 10%; e após dois anos, o resultado mostrava que havíamos chegado a patamares toleráveis, com índices de apenas 4% de vitimização. O “Programa Educar par a Paz”, pode ser definido como um conjunto de estratégias psicopedagógicas que se fundamenta sobre princípios de solidariedade, tolerância e respeito às diferenças. Recebeu esse nome por acreditarmos que a paz é o maior anseio das crianças envolvidas no fenômeno, bem como de toda a sociedade.


Envolve toda a comunidade escolar, inclusive os pais e a comunidade onde a escola está inserida. As estratégias do programa incluem o trabalho individualizado com o envolvidos em bullying – visando à inclusão e o fortalecimento da auto-estima das “vítimas” e a canalização da agressividade do “agressor” em ações pro-ativas – bem como o envolvimento de toda escola, pais e a comunidade em geral. Grupos de “alunos solidários” atuam como “anjos da guarda” daqueles que apresentam dificuldades de relacionamento, dentro e fora da escola. Grupos de “pais solidários” auxiliam nas brincadeiras do recreio dirigido, junto aos “alunos solidários”.


A interiorização de valores humanistas, bem como a discussão de “situações-problema” de cada grupo-classe, são estratégias que visam a educação das emoções, sendo desenvolvidas semanalmente, durante o encontro entre os tutores e suas turmas. Ações solidárias em prol de instituições filantrópicas são objetivos comuns a serem alcançados pela escola e comunidade. Acreditamos que se existe uma cultura de violência, que se dissemina entre as pessoas, podemos disseminar uma contracultura de paz. Se conseguirmos plantar nos corações das crianças as sementes da paz – solidariedade, tolerância, respeito ao outro e o amor -, poderemos vislumbrar uma sociedade mais equilibrada, justa e pacífica. Construir um mundo de paz é possível, para isso, deve-se primeiramente construí-lo dentro de cada um de nós.


O Programa Educar para a Paz, vem sendo implantado em inúmeras escolas de todo o país, por ser de fácil adaptação à realidade escolar e por apresentar resultados, num curto espaço de tempo da sua implantação. Atualmente, promovemos cursos de formação de multiplicadores do Programa, atendendo tanto à rede particular de ensino como a pública, além de cursos de pós-graduação, com fundamentação em Psicanálise e Inteligência Multifocal. Em decorrência do contato direto com profissionais de educação, detectamos um dado surpreendente: é expressivo o número de profissionais que foram envolvidos pelo fenômeno quando estudantes e que trazem consigo suas conseqüências. Por constatarmos altos índices de sintomas de stress entre eles, incluímos no Programa, o cuidado com a saúde emocional e o controle do stress. Acreditamos que pessoas saudáveis educam, crianças saudáveis. Nossa equipe atua sob supervisão psicológica e é composta por pedagogos e psicólogos.


* Cleodelice Aparecida Zonato Fante - Doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade de Ilhas Baleares, Espanha. Pesquisadora do Bullying Escolar. Autora do Programa Educar para a Paz. Conferencista. (cleofante@hotmail.com)*